HISTÓRICO
CARLOS BORGES DE MEDEIROS nasceu em Mossoró-RN, no dia 15 de outubro de
1913; se estivesse vivo teria completado 106 anos de vida.
Era o primogênito do casal Antônio Epaminondas de Medeiros e Maria
Borges de Medeiros que geraram também, Albecir “in memoriam”, Maria Consuelo,
Ivone e Murilo Borges de Medeiros.
Iniciou a vida profissional como Cirurgião Dentista em Recife, e por
solicitação de seus pais retornou à Mossoró, para juntos trabalharem pela
sobrevivência da família, exercendo a sua profissão em clínica particular
durante dezesseis anos e catorze anos, em Natal como titular da Clínica
Odontológica do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis.
Metódico, responsável e ético, foi indicado para compor uma Comissão
Examinadora para a seleção de novos profissionais para esta autarquia.
Foi nomeado pelo governo do Estado, Professor de Ciências Naturais da
Escola Normal de Mossoró e Escola Técnica de Comércio União Caixeiral,
ministrando aulas por 30 anos. Também foi professor e diretor dos Colégios em
Mossoró: Escola Normal, Escola Técnica de Comércio, Colégio Diocesano Santa
Luzia e Sagrado Coração de Maria.
Em Natal, lecionou nos estabelecimentos: Colégio Visconde de Cairu,
Ateneu, Colégio Imaculada Conceição, Instituto Maria Auxiliadora e Escola
Técnica de Comércio.
No Salão Nobre do Instituto Geográfico do RN, recebeu o título de Sócio
Efetivo no dia 12 de julho de 1978.
Foi Membro da Academia Norte Riograndense de Odontologia (sua foto
expressa a felicidade desse momento) e da Academia Mossoroense de Letras, além
de sócio Fundador da 1ª fase da União Brasileira de Escritores do RN (UBE/RN).
Foi secretário de Estado da Educação (1956/1961) e na política, foi
Vereador e Deputado Estadual por dois mandatos.
Foi autor dos livros: O Tempo como Testemunha, volume 1 e 2; Textos de
História para Estudantes de Colégios e 90 Anos ( autobiografia ).
*Retrospectiva das suas atuações e obras literárias
COMO PROFESSOR
Papai exerceu o magistério durante 30 anos com amor e dedicação a muitas
gerações de Mossoró e Natal.
Com o seu notório saber, contribuiu para a formação de profissionais nas
mais distintas áreas.
Ainda hoje, somos abordadas com elogiosas palavras pelos ensinamentos
adquiridos, nos bancos das escolas, nas quais nosso pai ensinou; são
professores, políticos, ministros de Estado, médicos, dentistas, farmacêuticos,
bancários, jornalistas, dentre outros.
Em 1958, teve o reconhecimento pela contribuição no aperfeiçoamento como
educador de adultos, no II Congresso Nacional de Educação de Adultos no Brasil,
realizado no Rio de Janeiro.
COMO ESCRITOR
Carlos Borges, não intitulou seu livro-ensaio, memória, história,
autobiografia, embora que de tudo exista um pouco no corpo do livro.
Ao invés disso, preferiu dar-lhe o título exato e breve: “O Tempo como
Testemunha”. Sim, testemunha de tudo quanto ocorreu ao longo de quase um século
em que, não só o Tempo, mas por ser testemunha dos fatos e acontecimentos, não
presenciado inerme e estático, mas agindo e reagindo, dentro de sua perspectiva
e do seu temperamento.
A decisão em publicar este livro, representou uma homenagem à sua
querida Isaura, companheira fiel e inseparável de todo um longo percurso já
encaminhado, principalmente nos momentos de alegrias e nas vicissitudes que
foram tantas, tão grandes, tão sacrificadas e tão abrangentes; às suas filhas,
ao tempo das angústias e ansiedades sentidas que passaram em circunstâncias
várias, que afetaram ou atingiram os que arcaram, com dificuldades, as
responsabilidades ou ônus da militância política, da qual participou por longos
anos.
Essa sua primeira obra, foi editada em dois volumes, no ano de 1980.
Quando se reportava às mesmas, costumava dizer: - “Que o futuro não esqueça o
trabalho que se faz no presente, como esquecido está o trabalho que se fez no
passado.”
O segundo livro, Textos da História, foi escrito no ano de
1993, no qual fez a seguinte dedicatória: “Para a minha esposa Isaura, amiga
inseparável e solidária a toda hora, admiro-a no amor e na dedicação à família.
As minhas filhas, genros, netos e bisneto, sempre comigo num dia a dia
constante, o meu carinho, o meu amor e a minha afeição”.
Aos seus netos, a sua leitura mostrará, no futuro, a representação
verídica de um trabalho que foi confiado em ocasiões diversas da sua vida.
A sua longa vivência no magistério estadual, aguçou-lhe a escrever este
livro, com cuidado e a melhor boa vontade de servir ao estudante. Não o
escreveu para professores e sim, para alunos do ensino médio, com o desejo de
ajudá-los, mais uma vez, na busca de subsídios para o seu aprimoramento
cultural.
Essas obras, com muito carinho escritas pelo grande homem que foi
(inteligente, culto, de grande sabedoria), foram doadas à Biblioteca Pública de
Lisboa, Portugal, levadas pessoalmente por sua filha Carmen e seu esposo
Jussier Santos, fazendo hoje, parte do seu acervo. Este fato proporcionou
grande alegria ao receber os agradecimentos da biblioteca portuguesa,
registrando os volumes ofertados.
NA POLÍTICA
Numa dessas veredas da vida que dirigiam e se estendiam para as mais
diferentes direções, nosso pai militou na política durante 15 anos, ocupando
cargos e exercendo funções que lhe proporcionaram posições e largos
relacionamentos nos meios políticos e sociais.
Foi Vereador da Câmara Municipal de Mossoró, em 1946, pela legenda UDN.
Foram passos de uma carreira política em gestação, tentando se inteirar dos
problemas mais necessários e reivindicados.
Como Deputado em duas legislaturas pela mesma legenda partidária, 50/54
e 58/62, procurou sempre integrar e conhecer mais de perto os meandros ou o
serpear da problemática política, a confiança e a esperança dos que votaram e
nele acreditaram.
Nosso pai também teve durante o seu mandato como deputado estadual,
importante influência na conclusão da construção da BR 405 que liga Mossoró a
Luiz Gomes, no alto do oeste potiguar. Ele considerava como o seu maior
trabalho exercido, pelo fato dessas obras estarem paralisadas, sendo o seu
empenho alcançado, junto ao DNOCS e Ministério da Viação e Obras Públicas.
Segundo ele, este trabalho tão persistente, tão perseverante, valeu o seu
mandato.
Papai também tinha o dom da oratória e a todos impressionava com os seus
discursos, geralmente de improviso em ocasiões tais como: Durante o
sepultamento do Governador Dix-Sept Rosado; nas campanhas políticas para
vereador e deputado; na posse do Bispo de Mossoró, Dom Eliseu Simões, e em
tantos outros inteligentes pronunciamentos.
NA FAMÍLIA
Nosso pai chegou aos 90 anos, sempre na companhia da sua família que o
cercava com carinho, amor e cuidados. No dia de seu aniversário de 90 anos, em
15/10/2003, foi organizado um almoço festivo no “Versailles Recepções”, de
propriedade de sua filha Marília e seu genro, Ronaldo Melo. Uma festa linda e
inesquecível!
Ele estava muito feliz ao receber os seus queridos familiares e amigos.
O seu discurso foi, entretanto, um resumo de sua vida, com prenúncios de
despedida como se vê nas citações abaixo:
Aos convidados presentes, ele dedicou a sua autobiografia “90 Anos”.
Papai iniciou a sua retrospectiva com o agradecimento: “Uma dádiva de Deus
chegar a esta idade” – Já sinto os sintomas da velhice: apatia, indolência,
falta de energia, impassividade, ociosidade e estafa.
Sempre estivemos conscientes das nossas limitações. Educamos nossas
filhas nos melhores colégios, demos assistência, desvelo e carinho. Hoje vivem
felizes. Isso vale tudo para mim, neste resto de vida que Deus dá”.
Sempre afirmava que na família a mãe participa com 60% na convivência,
na educação da familiaridade e no trato diário com os filhos. Ao Pai cabe 15%;
a escola, 10%. O restante distribui-se pela TV, rádio, amigos, cinema e
leitura.
Declarava sempre que: - “Na nossa casa, graças a Deus, reina uma luz
permanente e um clarão perseverante. Ali desabrochou o sentimento da criança
até alcançar a adolescência. Como é melancólica a família que não conversa com
cordialidade”.
Expressava sempre que: - “A minha Família é um pedaço da minha vida, me
acompanha e me assiste a todo instante. Não sei o que seria de mim se não
tivesse uma família amiga e compreensiva, solidária e carinhosa; unida, afável,
gentil, cortês, agradável e aprazível. Isaura, filhas, genros, netos e bisnetos
formam um conjunto comunicativo, harmonioso e humano. Vejo-os todos os dias,
alegra-me sua presença. A intimidade do lar não depende do conforto, mas sim da
certeza de ser amado. É o que existe entre nós.
Esses lindos depoimentos, nos fazem sentir confortadas e amadas, pelo
que representamos na vida do nosso pai.
Papai, você sempre foi respeitado e amado. Os seus conselhos ainda são
lembrados e nos fazem muita falta. Que Deus abençoe o seu Espírito, dando-lhe
muita Paz e Luz.
Nosso pai ficou viúvo em 2004 e, dois anos após, faleceu no Hospital São
Lucas, com a assistência de todas nós ao seu leito, deixando uma saudade enorme
em nossos corações.
*Suas filhas: Carmen, Walkíria, Iracema e Marília.
Fonte:
Jornalista ÉRIKA NESI - Coluna “Ícone Fashion” - Jornal de Hoje -17.10.2013
Jornalista ÉRIKA NESI - Coluna “Ícone Fashion” - Jornal de Hoje -17.10.2013
FONTE – ACADEMIA NORTE-RIOGRANDENSE DE ODONTOLOGIA
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